2º ATO

CENA 1


CenárioA mesma sala da Cena 2 do 1º Ato, só que decorada com mais esmero: maior número de acentos, almofadas e cortinas orientais, incenso, a estátua dos dois soldados gregos, o arcaz ao fundo, mais plantas embelezando o ambiente, que ficou bem aconchegante.


 

(Felipe dirigindo-se a Madalena, mãe de Rode.)



FELIPE
– Enquanto Paulo pregava Jesus e a ressurreição de Jesus, para o povo de Atenas, os epicureus, em estado de gozo permanente, por causa de sua doutrina do prazer, imaginavam que Ressurreição fosse uma divindade feminina, companheira e amante de Jesus! Pois bem, para mim, Madalena, os gregos estão com a razão! A mulher é a ressurreição; a ressurreição feita de carne e osso. Em suas entranhas o átomo é um corpo morto, inerte, que transforma-se em ser e, vencendo os desígnios da morte, esse novo ser, pleno de vida, do corpo da mulher é dado à luz!

(Entra Rode, interessada no assunto, e Felipe se dirige a ela com volúpia.)


FELIPE
– Rode, façamos uma oblação: à imensa fortuna que nos abraça e também à ressurreição, que nos espera – agora e na hora de nossa morte - no corpo de uma mulher, visto que a morte também é mulher. E a morte é a derradeira e a única mulher inevitável de nossa vida. Traga o vinho, formosa donzela! Quero morrer de prazer e ressuscitar em seus braços, até a derradeira vez.


(Sai Rode toda alegre e faceira.)


MADALENA
– Felipe, parece que você esqueceu que seus olhos, essas livres e soberanas janelas de sua alma, não são, nem tão livres, nem tão soberanas assim, ao ponto de se permitirem maravilhar e desejar as formas femininas da ressurreição! Você não está lembrado que tanto o seu coração quanto o de Paulo só devem desejar o Olimpo, que, segundo ele, é um lugar bem afastado das abomináveis mulheres?


FELIPE
– Madalena, minha querida, Paulo e eu já alcançamos o nosso destino de riqueza e de glória! Agora só nos resta desfrutá-lo. Além disso, aprendi com o meu querido mestre a importância de se saber usar a verdade aparente em nosso proveito, para que possamos brilhar ainda mais em nosso esplendor!


MADALENA
– Verdade aparente? O que é verdade aparente???

(Volta Rode, mais bela, mais solta, sem as tranças, mais decotada e mais enfeitada, trazendo o vinho e os copos numa bandeja.)


FELIPE
– Isso mesmo que você ouviu. Verdade aparente sim, Madalena! Aparente e visível como o azul do mar à luz do dia! Podemos dizer que a verdade aparente é a face masculina da verdade, ou a verdade que se impõe ao mundo exterior pela força masculina do universo. O mundo que se vê, que se toca, que se domina e que se conquista pelo poder da força masculina, é a verdade aparente.

(Rode fica em pé, atenta, após deixar a bandeja sobre a mesa, acompanhando com muito interesse o diálogo de Felipe e Madalena.)


MADALENA
– Então você está querendo dizer que há de haver também uma outra verdade, uma verdade escondida, invisível, como o azul de um céu envolto em nuvens! Com isso você afirma que existe também uma face feminina da verdade, perdida no silêncio do universo, além dos nossos sentidos. Verdade aprisionada num universo interior, realidade que não se vê, não se toca, nem se conquista pela força. Uma verdade escondida, como uma canção coberta de silêncio!


FELIPE
– Não estou querendo dizer, Madalena: eu estou afirmando que a verdade existe aos pares, como tudo na vida. Pares que se complementam, para que um deles possa prevalecer! Na vida é assim: um existe para que o outro apareça! É assim com o dia e a noite; com a luz e as trevas; com o homem e a mulher! Como você já pode perceber, a verdade aparente, a verdade que se vê, a verdade que prevalece, é sempre a face mais forte, mais agressiva da verdade...


MADALENA
- ... a verdade dos homens, a verdade dos músculos! E a outra face, a face mais fraca, invisível, silenciosa, feminina, é a verdade da mulher!


FELIPE
– Perfeito, Madalena! E então, diga-me pois Madalena: qual o mais puro exemplo da verdade masculina que você conhece?


MADALENA
– É o golpe, Felipe; é qualquer golpe certeiro e mortal!


FELIPE
– Quase isso, Madalena. Esse golpe certeiro e mortal chama-se Direito! O Direito é o mais puro exemplo da verdade masculina da vida! O Direito foi, é, e sempre será a vontade dos mais fortes. A justiça, por sua vez, será sempre a face feminina! O que importa realmente é que o direito seja cumprido. Justo será todo aquele que cumpre as leis. Justo é o juiz que aplica com rigor a vontade dos mais fortes! Sábio é, pois, quem sabe usar a verdade aparente, quem constrói e aplica o direito, em seu proveito! E a justiça ficará sempre escondida no enigma das paixões e no coração dos poetas!


MADALENA
– Então, se assim for, o mundo está condenado ao direito! O homem será eternamente submisso à vontade dos tiranos; os mais fracos serão sempre condenados à opressão. E a face esquecida da verdade - a Justiça – será um sonho impossível dos oprimidos, guardado na alma feminina, ou pulsando no coração dos poetas!


FELIPE
– É claro! Você não sente, Madalena, que a verdade possui de fato essa mesma polaridade do Direito e Justiça? Essa mesma dinâmica social? Veja: Paulo trouxe os atenienses para a sua igreja, mostrando e provando que o seu Deus é o deus desconhecido deles: o Deus Desconhecido, senhor do céu e da terra, que não habita em templos, nem é servido pelas mãos dos homens. Mas hoje construímos templos em toda parte e o Deus Desconhecido agora já habita os nossos templos e é para lá que os hebreus, os gentios, os gregos, é para lá que todos devem ir depositar as suas oferendas; pedir perdão pelos pecados e suplicar a salvação eterna! Madalena, a vida só tem sentido e o homem só tem sucesso nos domínios da verdade aparente! E o sucesso consiste em se usar com maestria essa verdade em nosso proveito!

(Rode aproxima-se manhosamente de Felipe e coloca-se estrategicamente ao seu alcance. Felipe abraça Rode pela cintura com sofreguidão. Os seios de Rode saltam do decote e ela, como uma serpente altiva e pegajosa, desvencilha-se carinhosamente de Felipe, veste seus seios num movimento suave, pleno de carinho, e pergunta com vivacidade:)


RODE
– Vamos ou não vamos fazer a oblação para celebrar a ressurreição, aqui modestamente representada pela minha humilde pessoa e pela abençoada pessoa de minha mãe?


FELIPE
– Vamos brindar a ressurreição representada pela sua pessoa, Rode! Sua mãe já não mais possui em suas entranhas a graça de poder conceber uma nova vida. Deus afastou esse dom das mulheres velhas; essa é uma verdade masculina, um direito que a vida ofereceu aos homens! Sirva o vinho e brindemos a ressurreição de Cristo, minha bela companheira e brindemos a você, Rode, que será para sempre a minha ressurreição!


RODE
– Serei a sua ressurreição até eu ficar velha! E essa é a verdade feminina!


MADALENA
– Você acha pouco todo esse fel jorrando de suas palavras, Felipe? E logo você, que deve dar aos fiéis o bom exemplo, por ser o guardião da verdade masculina; você desobedece a tradição de nosso povo, tradição que um dia você jurou respeitar; tradição que o obriga à abstenção do vinho, até que você ofereça o seu sacrifício em Jerusalém! É a lei, Felipe!


FELIPE
– Madalena, o meu sacrifício, ou melhor, o dízimo que representa o meu sacrifício, em nome de Deus, agora é para a igreja de Paulo e eu sou um pouco da igreja de Paulo. Sirva o vinho, Rode. Madalena beba conosco o sucesso da igreja de Paulo! Jerusalém acabou! Viva a nova lei!

(Madalena faz um gesto de desolação.)


FELIPE

(aproximando-se de Madalena com um afetado ar de compaixão).

- Ó minha querida Madalena. Não fique assim! Eu sei o quanto você amou Jesus. Por isso alegre-se, porque é em nome de Jesus que vivemos agora! Se depender do nosso esforço e até de nosso sacrifício, o santo nome de Jesus jamais será esquecido! Pense no quanto Paulo sofre em prisões, açoites, perseguições; tudo isso em nome de Jesus! Lembre-se do martírio de Estevão. Os mártires sofrem por si e por nós. E nós não precisamos sofrer mais! Eles já sofreram o bastante por nós. Nós já conquistamos a confiança dos tiranos, dos vencedores e agora somos seus aliados naturais! Sempre haverá impérios e colônias. As armas do império nos defenderão dos ataques dos infiéis. Por isso a igreja de Paulo é romana. Se um dia o império romano for devastado por outro império qualquer, a nossa igreja será aliada do império vencedor. Hoje a igreja de Paulo, a nossa igreja, é apostólica, romana, como poderá naturalmente ser germânica, babilônica, árabe, africana, até o dia em que o nome e a palavra de Jesus estiverem plantados em todos os corações. Nesse dia, a nossa verdade e o nosso direito por si só garantirão o dízimo da nossa fartura e a continuidade do nosso prazer! Brindemos, Madalena! A história é a vontade, é o direito e é a verdade dos vencedores. O sofrimento é o consolo dos que tem fé. E, nessa fé pungente, todos os sofredores e todos os injustiçados esperam um dia o a vitória da justiça, a vitória da verdade escondida, triunfo que nunca virá, pelo menos nesta vida!

MADALENA
– Pois eu abraço com amor a minha fé! Nem você, nem Paulo conheceram Jesus. Ninguém viveu com ele o que eu vivi! Eu o acompanhei, passo a passo, o resto de sua vida, aqui na Palestina. Aprendi com ele a acreditar na verdade que você diz escondida. Jesus me ensinou que quando você diz “sim”, a verdade foge e também foge quando você diz “não”. A verdade está mesmo escondida em algum lugar entre o “sim” e o “não”. E, acredite nesse milagre: eu vivi com Jesus apenas a verdade escondida. Vi quando José de Arimatéia lhe deu o vinho do sono profundo, lá no alto do madeiro. Ajudei a retirá-lo da cruz e acompanhei o seu sepultamento. Levei bebida para os guardas do sepulcro, bebida que misturei à poção do sono profundo. Quando os soldados adormeceram, ajudei a tirá-lo da sepultura e foram os meus os olhos que ele viu primeiro em seu olhar, assim que acordou! E chorei quando ele partiu na direção da estrela do oriente. A verdade oculta ficou com Jesus! Por tudo isso, eu abraço a minha fé na verdade escondida, um abraço sem sofrimento, porque a minha felicidade, felicidade intensa que compartilhei com Jesus, vem de mim mesma e não do deus dinheiro. A minha alegria vem de mim e não de César! Vocês sepultaram em suas igrejas as palavras de Jesus e forjaram a ressurreição do antigo testamento, só para arrancar do povo miserável o dízimo, que engorda o seu tesouro, e compra para o seu corpo o prazer fugaz. Eu vivo, velha e feliz, o verdadeiro amor que vivi com Jesus, amor que sempre será oculto para vocês!

FELIPE
– Arrancamos com prazer o dízimo do povo miserável e de quem mais precisar de uma palavra de consolo, de uma palavra de esperança. Arrancamos e arrancaremos o dízimo de todos que precisarem da remissão dos pecados; da ressurreição da carne e da vida eterna, amém!


RODE
– Amém! Amém! Amém!


FELIPE
– Se Paulo não tivesse rasgado as palavras de Jesus e seguisse ao pé da letra as suas instruções, a boa nova do Nazareno seria esquecida em duas gerações! O plano de Paulo fará eterna a sua igreja, que pregará o nome de Jesus e só assim o santo nome dele será lembrado para sempre!

(Rode se aproxima languidamente de Felipe com duas taças de vinho e há uma cena de ternura entre os dois).


MADALENA
– Felipe, você não consegue ver até onde vai o seu desatino! Já pensou se Paulo entra aqui, nesse momento? Ele corta a sua mesada e você dá adeus ao seu prazer; adeus à verdade dos ricos; adeus à sua boa vida!


FELIPE
– Para o seu governo, Madalena, Paulo e eu já superamos amorosamente essa etapa, digamos pegajosa, de nossas vidas! Eu estou definitivamente livre para amar quem eu queira; livre e com renda suficiente para desposar Rode e viver com ela a vida que pedi a Deus. Paulo está livre também. Agora ele tem Tito e Timóteo para lhe fazer companhia!


MADALENA
– Timóteo?


FELIPE
– Sim, Timóteo de Listra. Segundo ouço dizer, hoje ele é o mais fiel e amado de seus companheiros. Paulo o trata com todo carinho!

(Nesse momento, as luzes ficam bem fracas, desce uma cortina e esconde o cenário. Em primeiro plano, Felipe, Madalena e Rode continuam conversando. Num plano de fundo Paulo e Timóteo entram em cena por trás da cortina, em silhuetas projetadas nessa cortina ao fundo, num encontro muito afetuoso deles dois. A partir desse encontro, Paulo e Timóteo passam a representar o que Felipe fala sobre eles.)


FELIPE
– Para você saber o quão próximo Timóteo é de Paulo, basta que lhe diga que mesmo depois de tanto combater o uso da circuncisão e de expurga-la da nova lei, Paulo, num gesto do mais puro amor, quis ele mesmo, com suas próprias mãos, circuncidar a Timóteo, para dar publicamente o bom exemplo de fidelidade à tradição estabelecida por Deus, como sinal de sua aliança com Abraão!

(Há uma belíssima coreografia da circuncisão feita por Paulo em Timóteo, projetada em silhuetas sobre o pano de fundo. Uma linda cena de amor e paixão! Fora de cena, o coro solfeja a ária nº4 de Bach. No canto do palco, em primeiro plano, num foco tênue e restrito de luz, Felipe, Madalena e Rode conversam indiferentes à cena. Finda a dança da circuncisão, as silhuetas de Timóteo e Paulo retiram-se do palco, ergue-se a cortina, e Felipe retoma a narrativa.)


FELIPE
– Depois de ser circuncidado, Timóteo foi ordenado por Paulo pela imposição das mãos, em cerimônias públicas, testemunhadas por muitos fiéis. Juntos foram para a Macedônia e continuam sempre juntos, viajando por muitos lugares. Uma união feliz.


RODE
– O amor é lindo!


MADALENA
– Mas como é possível existir esse amor, se o amor entre iguais é um amor proibido pela verdade dos homens? O próprio Paulo condenou à prisão perpétua, à clandestinidade, ao confinamento entre quatro paredes, o amor entre pessoas do mesmo sexo! Eu me lembro muito bem o dia em que Paulo, morrendo de ciúmes de um caso de Felipe com um jovem mancebo da Macedônia, ditou, a esse mesmo Felipe, incansável conquistador de pessoas, uma carta execrando e proibindo esse amor, que você acha tão lindo, Rode. Você está lembrado, Felipe?


FELIPE
- Aquele dia e aquela carta jamais serão esquecidos!

(Felipe toma em suas mãos um volume magnificamente encadernado, que estava sobre o arcaz, folheia-o, encontra a carta e lê um Trecho em voz alta e solene.)

Eis a carta! “E semelhantemente também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro”.


RODE
– Meu Deus do céu!


FELIPE
– O ódio contido nessa carta dirigida aos romanos vai mais além.

(Felipe retoma a leitura.)

Estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade, cheios de inveja, homicídios, engano, malignidade”.


RODE
– Que horror!


FELIPE
“Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães. Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia. Os quais, conhecendo a justiça de Deus, são todos eles dignos de morte, não somente os que fazem, mas também aqueles que consentem que essas aberrações sejam praticadas”.


MADALENA
– Nesse caso, Felipe, nessa carta aos romanos, vejo que as palavras de Paulo são a verdade aparente, usada em seu próprio proveito, apenas para coibir situações capazes de fazer explodir o seu ciúme e para esconder de todos o amor carnal, o amor total de Paulo por você, por Tito, por Timóteo e por todos os seus jovens companheiros de viagens. Ah doce ironia do destino! O amor verdadeiro, real, o amor que Paulo tem pelos seus varões é a verdade sublime, oculta, feminina, proibida e condenada pela verdade aparente!


FELIPE
– Deixe isso para lá, Madalena. O que interessa é que, cada vez mais, o amor de Paulo se materializa em dádivas aos seus mais fiéis companheiros! A Ananias coube a igreja de Éfeso, o que não deixa de ser um bom legado em vida. Eu também não posso me queixar, nem Tito, que recebeu como prêmio a igreja de Creta!

(Nesse instante, enquanto as luzes perdem intensidade, rapidamente o pano de fundo do palco é substituído por outro que representa o interior de uma catedral. Felipe, Rode e Madalena passam para um canto à frente do palco e entram em cena Tito, Ananias, Paulo e o coro, para encenar a sagração de Tito e Ananias como bispos de suas igrejas. Após a belíssima cerimônia de sagração, todos se retiram do palco, exceto Felipe, Rode e Madalena e as luzes voltam com toda intensidade sobre eles.)


MADALENA
– Mesmo tendo Paulo vivido todo esse amor tão intenso e variado, nada, nada disso vale o martírio que ele sofreu e continua sofrendo!


RODE
– Sofreu martírio? Pois fique sabendo, minha mãe, que essas prisões e castigos habitualmente oferecidas a Paulo, ele os recebe como prêmio e não como punição. Eles são frutos de acordo entre cidadãos romanos! Pura farsa, para iludir o povo, entre o poder de César e o poder de Deus, que está nas mãos de Paulo! Ultimamente Paulo tem se deliciado com uma prisão domiciliar em Roma, que consiste em ficar as 24 horas do dia com os seus braços acorrentados aos braços de um soldado romano! É tudo o que ele pediu a Deus! (Rode diz isso acariciando a estátua dos soldados que enfeita o cenáculo).


FELIPE
– Paulo, sempre justo e magnânimo, é e será sempre um exemplo a ser seguido pelos vencedores, Rode.


RODE
– Paulo é e será sempre o melhor exemplo da verdade masculina!


(Nesse momento volta o coro abruptamente ao palco e um de seus componentes anuncia:)


MENSAGEIRO
– Felipe, um mensageiro vindo de Roma traz a notícia de que Paulo morreu decapitado, por ordem de César! O maior desejo de sua vida foi alcançado! Paulo deu o testemunho de Jesus Cristo com o seu próprio sangue! Aleluia!

(Cai repentinamente do alto uma cortina sobre o meio do palco, na qual é projetada em silhueta a cena final da dupla decapitação de Paulo e Pedro. O coro, fora de cena, solfeja uma música dramática, apoteótica! Imediatamente após encenada a decapitação, Felipe chega, só, à frente do palco e, num misto de revolta e desespero, diz:)


FELIPE

 – O destino é mudo / navega os sonhos / e em silêncio constrói as possibilidades. A nossa escolha é cega!

(Todo o elenco, fora de cena, canta um hino épico, altissonante, enquanto as luzes vão morrendo sobre a solitária figura imóvel de Felipe, na frente do palco.)


FIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário